terça-feira, 5 de agosto de 2014

Reportagem Sobre o Fumo no Interior de São Lourenço





O Jornal o Globo da Emissora Globo publicou uma matéria no dia 03-08-14 sobre os malefícios do Tabaco para o ser humano. Reportagem essa que se passa aqui, pertinho de nós, no interior de São Lourenço do Sul. 





Veja a Seguir alguns Trechos da matéria do O Globo:





Produtores de tabaco enfrentam doenças físicas e psíquicas no RS



SÃO LOURENÇO DO SUL, RS - A 200 quilômetros ao Sul de Porto Alegre, as rodovias são cortadas por estradas de terra que levam a cenários bucólicos, onde pastagens são de um verde vivo, pés de pêssego estão floridos como cerejeiras, e vacas e ovelhas se confortam sob o sol do inverno. Se seguirmos pelos caminhos empoeirados, surgem grandes galpões de tijolos. São estufas que indicam que a atividade ali é o fumo. Aproximando-nos, encontramos famílias de agricultores que, em geral, aparentam mais idade do que têm. E contam história similar: depois de dias intensos de colheita, sofrem enjoo, vômito, dor de cabeça, tremor, fraqueza. O que, antes, acreditavam ser o desgaste do trabalho pesado, hoje sabem que é intoxicação por nicotina. Não é só o cigarro, alvo de bem-sucedido cerco nas últimas décadas, que faz mal, mas também o contato da pele do fumicultor com a folha molhada do tabaco.





A chamada doença do tabaco verde, já descrita em estudos científicos, ocorre principalmente no período da colheita, quando agricultores carregam nos braços as folhas úmidas, seja por suor, orvalho ou chuva. A nicotina é uma molécula solúvel, por isso a água aumenta sua absorção. As concentrações de cotinina (derivado formado após a entrada no corpo) nesses trabalhadores são altas. Um fumante tem níveis acima de 50 ng/ml. Testes de urina realizados pela Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde mostraram que agricultores não fumantes com sintomas da doença tinham níveis entre 68 e 380 ng/ml. Se fumavam, os índices saltavam para 180 a 800 ng/ml. Os efeitos de longo prazo ainda não estão claros, mas, segundo o ministério, podem aparecer problemas como câncer, doença pulmonar obstrutiva crônica e cardiopatias.



POUCO USO DA ROUPA DE PROTEÇÃO

Um estudo da Universidade Federal de Pelotas (RS) publicado este ano na revista “American Journal of Industrial Medicine” contesta o que ele diz: “O uso de vestuário de proteção não garantiu efeito contra a doença (...) No Brasil, o controle de qualidade do vestuário de proteção é fraco. Depois de terem sido lavadas apenas algumas vezes, (as roupas) perdem sua eficácia”. Na família de Géssica, todos a usam. Mas a maioria das outras, não.

— A colheita é no verão, então não tem como aguentar aquela roupa debaixo de sol forte o dia todo — diz Lauro Leitzke. — A pressão cai, dá vômito, tontura. Toda vez é a mesma coisa. Mas fazer o quê, se a gente está endividado e tem que se sustentar?




Írio Blank Harntwig plantava tabaco desde os 12 anos e parou há três, depois do diagnóstico de depressão, pressão alta e problemas cardíacos, assim como uma dívida de R$ 40 mil contraída com indústrias fumageiras. Tem 52 anos. Sua esposa, Flora, 51 anos, e seus dois filhos de 20 e poucos anos também trabalhavam na lavoura. Todos saíram. Sob lágrimas, Írio diz estar arrependido dos anos de plantio.

— Num dia de colheita, comecei a sentir uma dor forte, e o médico disse que era o coração. Eu não sabia que a nicotina fazia mal — diz Írio, hoje pedreiro e criador de ovelhas que já planta alimentos orgânicos. — Achávamos que era preciso usar agrotóxico. Vimos que é só cuidar da lavoura.







Matéria realizada pelo O Globo. Matéria completa disponível em: http://oglobo.globo.com/sociedade/saude/produtores-de-tabaco-enfrentam-doencas-fisicas-psiquicas-no-rs-13473703?utm_source=Facebook&utm_medium=Social&utm_campaign=O+Globo




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